FUVEST UNICAMP PUC SP ALBERT EINSTEIN QUESTÕES DE VIDAS SECAS E CAPITÃES DA AREIA

Publicado em 29 de março de 2017 na categoria

FUVEST UNICAMP PUC SP ALBERT EINSTEIN
QUESTÕES DE VIDAS SECAS E CAPITÃES DA AREIA

FUVEST – 2014
85- Considere as seguintes comparações entre Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e Capitães da Areia, de Jorge Amado:
I. Quanto à relação desses livros com o contexto histórico em que foram produzidos, verifica-se que ambos são tributários da radicalização político-ideológica subsequente, no Brasil, à Revolução de 1930.
II. Embora os dois livros comportem uma consciência crítica do valor da linguagem no processo de dominação social, em Vidas Secas, essa consciência relaciona-se ao emprego de um estilo conciso e até ascético, o que já não ocorre na composição de Capitães da Areia.
III. Por diferentes que sejam essas obras, uma e outra conduzem a um final em que se anuncia a redenção social das personagens oprimidas, em um futuro mundo reconciliado, de felicidade coletiva.

Está correto o que se afirma em
A) I, somente.
B) I e II, somente.
C) III, somente.
D) II e III, somente.
E) I, II e III.

FUVEST – 2017

13-
Se pudesse mudar-se, gritaria bem alto que o roubavam. Aparentemente resignado, sentia um ódio imenso a qualquer coisa que era ao mesmo tempo a campina seca, o patrão, os soldados e os agentes da prefeitura. Tudo na verdade era contra ele. Estava acostumado, tinha a casca muito grossa, mas às vezes se arreliava. Não havia paciência que suportasse tanta coisa.
– Um dia um homem faz besteira e se desgraça.

Graciliano Ramos, Vidas secas.

Tendo em vista as causas que a provocam, a revolta que vem à consciência de Fabiano, apresentada no texto como ainda contida e genérica, encontrará foco e uma expressão coletiva militante e organizada, em época posterior à publicação de Vidas secas, no movimento

A) carismático de Juazeiro do Norte, orientado pelo Padre Cícero Romão Batista.
B) das Ligas Camponesas, sob a liderança de Francisco Julião.
C) do Cangaço, quando chefiado por Virgulino Ferreira da Silva (Lampião).
D) messiânico de Canudos, conduzido por Antônio Conselheiro.
E) da Coluna Prestes, encabeçado por Luís Carlos Prestes.

08- Leia o trecho de Vidas secas, de Graciliano Ramos, para, em seguida, responder ao que se pede.

Aí Fabiano parou, sentou-se, lavou os pés duros, procurando retirar das gretas fundas o barro que lá havia. Sem se enxugar, tentou calçar-se e foi uma dificuldade: os calcanhares das meias de algodão formaram bolos nos peitos dos pés e as botinas de vaqueta resistiram como virgens. Sinhá Vitória levantou a saia, sentou-se no chão e limpou-se também. Os dois meninos entraram no riacho, esfregaram os pés, saíram, calçaram as chinelinhas e ficaram espiando os movimentos dos pais. Sinhá Vitória aprontava-se e erguia-se, mas Fabiano soprava arreliado. Tinha vencido a obstinação de uma daquelas amaldiçoadas botinas; a outra emperrava, e ele, com os dedos nas alças, fazia esforços inúteis. Sinhá Vitória dava palpites que irritavam o marido. Não havia meio de introduzir o diabo do calcanhar no tacão. A um arranco mais forte, a alça de trás rebentou-se, e o vaqueiro meteu as mãos pela borracha, energicamente. Nada conseguindo, levantou-se resolvido a entrar na rua assim mesmo, coxeando, uma perna mais comprida que a outra. Com raiva excessiva, a que se misturava alguma esperança, deu uma patada violenta no chão. A carne comprimiu-se, os ossos estalaram, a meia molhada rasgou se e o pé amarrotado se encaixou entre as paredes de vaqueta. Fabiano soltou um suspiro largo de satisfação e dor.

a) O trecho pertence à parte de Vidas secas intitulada “Festa”, na qual se narra a ida da família de sertanejos, acompanhada da cachorra Baleia, à cidade, onde deve participar de uma festividade pública. Considerada esta questão no contexto do livro, como se passa essa participação e o que ela mostra a respeito da socialização da família?

b) O tratamento narrativo dado aos eventos apresentados no trecho confere a ele um tom que contrasta com o que é dominante, no conjunto de Vidas secas. Qual é esse tom? Explique sucintamente.

UNICAMP – 2015

Para as questões 9 e 10, considere o fragmento abaixo, extraído de Vidas secas, de Graciliano Ramos.
O pequeno sentou-se, acomodou-se nas pernas a cabeça da cachorra, pôs-se a contar-lhe baixinho uma história. Tinha um vocabulário quase tão minguado como o do papagaio que morrera no tempo da seca. Valia-se, pois, de exclamações e de gestos, e Baleia respondia com o rabo, com a língua, com movimentos fáceis de entender.
(Graciliano Ramos. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2012, p. 57.)

QUESTÃO 9
Uma definição possível de alteridade é “a capacidade de se colocar no lugar do outro”.

No excerto, o menino mais velho, após ter recebido um cocorote de sinhá Vitória, ao lhe ter feito uma pergunta sobre a palavra “inferno”, conta uma história para Baleia. Da leitura desse trecho, podemos concluir que

a) o narrador tem êxito na construção da alteridade, ao se colocar no lugar do menino e de Baleia e permitir a relação entre essas duas personagens.
b) o vocabulário minguado do menino mais velho o impede de se relacionar com Baleia, o que demonstra que, sem linguagem, não há alteridade entre o homem e o mundo.
c) o vocabulário minguado é próprio da infância e não resulta das condições sociais e materiais adversas das personagens.
d) a resposta de Baleia reduz o menino mais velho à condição de bicho, privando-o dos atributos necessários para se tornar homem.

QUESTÃO 10
No romance Vidas secas, a alteridade é construída ficcionalmente. Isso porque o narrador

a) impõe seu ponto de vista sobre a miséria social das personagens, desconsiderando a luta dessas personagens por uma vida mais digna.
b) permite conhecer o ponto de vista de cada uma das personagens e manifesta um juízo crítico sobre o drama da miséria social e econômica.
c) relativiza o universo social das personagens, uma vez que elas estão privadas da capacidade de comunicação.
d) analisa os dilemas de todas as personagens e propõe, ao final da narrativa, uma solução para o drama da miséria social e econômica.

4- Os guardas vêm nos seus calcanhares. Sem-Pernas sabe que eles gostarão de o pegar, que a captura de um dos Capitães da Areia é uma bela façanha para um guarda. Essa será a sua vingança. Não deixará que o peguem. (…) Apanhara na polícia, um homem ria quando o surravam. Para ele é este homem que corre em sua perseguição (…). Vêm em seus calcanhares, mas não o levarão. Pensam que ele vai parar junto ao grande elevador. Mas Sem-Pernas não para. (…) Sem-Pernas se rebenta na montanha como um trapezista de circo que não tivesse alcançado o outro trapézio.

(Jorge Amado, Capitães da Areia. 19ª ed., São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 242-243.)

a) Levando em conta o trecho em questão e a obra como um todo, qual é a imagem dos socialmente excluídos de quem Sem-Pernas é representativo no trecho?

b) “Apanhara na polícia, um homem ria quando o surravam”. Diante dessa lembrança recorrente, evocada durante sua perseguição pelos policiais, qual é o sentido da simbólica vingança de Sem-Pernas?

5. Leia os excertos a seguir.

Um dia… Sim, quando as secas desaparecessem e tudo andasse direito… Seria que as secas iriam desaparecer e tudo andar certo? Não sabia.

(Graciliano Ramos, Vidas secas. 118ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2012, p. 25.)

Nunca vira uma escola. Por isso não conseguia defender-se, botar as coisas nos seus lugares. O demônio daquela história entrava-lhe na cabeça e saía. Era para um cristão endoidecer. Se lhe tivessem dado ensino, encontraria meio de entendê-la. Impossível, só sabia lidar com bichos.

(Graciliano Ramos, Vidas secas. 118ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2012, p. 35.)

a) Nos excertos citados, a seca e a falta de educação formal afetam a existência das personagens. Levando em conta o caráter crítico e político do romance, relacione o problema da seca com a questão da escolarização no que diz respeito à personagem Fabiano.

b) “Nunca vira uma escola. Por isso não conseguia defender-se, botar as coisas nos seus lugares.” Descreva uma passagem do romance em que, por não saber ler e escrever, Fabiano é prejudicado e não consegue se defender. ALBERT EINSTEIN – 2016

Questão 34

Texto A

Fabiano (…), saciado, caiu de papo para cima, olhando as estrelas que vinham nascendo. Uma, duas, três, quatro, havia muitas estrelas, havia mais de cinco estrelas no céu. O poente cobria-se de cirros – e uma alegria doida enchia o coração de Fabiano.

Texto B

Uma, duas, três, havia mais de cinco estrelas no céu. A lua estava cercada de um halo cor de leite. Ia chover.

Texto C

A lua crescia, a sombra leitosa crescia, as estrelas foram esmorecendo naquela brancura que enchia a noite. Uma, duas, três, agora havia poucas estrelas no céu. Ali perto a nuvem escurecia o morro.

Os textos acima são de Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Da inter-relação deles pode-se deduzir que

(A) todos são iguais, abordam o mesmo assunto e, por isso, constituem repetição desnecessária que quebra o ritmo e o estilo do autor.
(B) há contradição e incoerência entre eles quanto à parca quantidade de estrelas que dimensionam as grandezas no céu.
(C) todos anunciam a proximidade da chuva, utilizando-se dos mesmos recursos de expressão linguística, estilística, semântica e estética.
(D) todos se referem a etapas diferentes e complementares da formação do mesmo fenômeno meteorológico.

Questão 35

Segundo Álvaro Lins, o mais brasileiro dos livros de Graciliano Ramos é Vidas Secas. Escrito em 1938, é considerado pela crítica como uma novela. Essa classificação do gênero literário se justifica porque a obra

(A) estrutura-se pela sucessividade de histórias conformadoras de pluralidade de narrativas em que cada uma se mostra independente, sem uma centralidade dramática, mas marcada por perfeita unidade e completa harmonia.
(B) apresenta simultaneidade dramática, envolvendo várias histórias que se entrelaçam e que convergem para um drama central gerado pelo fenômeno da seca, e cujo desfecho culmina com a mobilidade social dos personagens.
(C) apresenta uma ação concentrada em uma única célula narrativa, marcada por tempo cronológico e cuja ação se desenvolve em espaço definido.
(D) configura personagens fortes, em um contexto familiar de conflitos e cujos feitos revelam a força épica e a vitória heroica sobre a natureza agressiva e inóspita.

PUC –SP – INVERNO 2013
Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos, apresenta um ambiente caracterizado por um quadro de penúria e de miséria, em que perambulam personagens frágeis, vencidas pelo meio e sem força
comunicativa de linguagem bem articulada. Indique, das alternativas abaixo, aquela que destoa da caracterização do referido quadro.

A) Vegetação inimiga onde se encontram juazeiros, mandacarus, xiquexiques, catingueiras e muito espinho.
B) Abundância de água, vegetação sempre verdejante como a dos juazeiros, céu repleto de estrelas, aves de diferentes plumagens e plantas generosas como as sucupiras e as imburanas.
C) Natureza inóspita, de caatinga com montes baixos, planícies torradas, cascalhos e rios secos, areia fofa e lama seca e rachada.
D) Cores do horror como as do céu, recorrentemente de um azul terrível, as vermelhidões sinistras do poente, o branco das ossadas e o negrume dos urubus.
E) Sol inclemente que chupa os poços e aves de arribação que bebem suas águas, carniças e bichos moribundos.
PUC –SP – VERÃO 2014
A cada figura da novela – Fabiano, Vitória, sua mulher, o menino mais velho, o menino mais novo – o romancista dedica um capítulo, que é como que um retrato de caracterização, em que o próprio personagem se apresenta ao leitor.
O trecho acima é uma referência à obra de Graciliano Ramos, Vidas Secas, feita por Álvaro Lins. Assim, da personagem Sinhá Vitória, pode-se afirmar que
A) tem uma relação conjugal pacífica com Fabiano, com o qual nunca se desentendeu e de quem sempre mereceu elogios e estímulos positivos.
B) domina os conhecimentos básicos da família e do meio e é capaz de dar respostas corretas a todas as perguntas feitas pelos filhos.
C) protege os animais, o papagaio e a cachorra Baleia, colocando-se contra Fabiano, que os ameaça, e evitando, assim, a morte de ambos.
D) alimenta o sonho de ter uma cama de lastro de couro bem esticado e bem pregado, como a do Seu Tomás da Bolandeira.
E) marca-se pela desesperança diante do infortúnio de nova seca e não vê nenhum tipo de saída para ela, para os meninos e para Fabiano.

PUC –SP – INVERNO 2014
De Vidas Secas, obra escrita por Graciliano Ramos, NÃO É CORRETO afirmar que

A) apresenta personagens cuja fisionomia e caráter são impulsionados e estigmatizados pelo fenômeno da seca.
B) é uma novela construída em quadros com capítulos independentes que não se articulam entre si e, por isso, apresenta se desprovida de valor literário e falha do ponto de vista ficcional.
C) é uma obra cuja construção verbal, marcada por beleza e harmonia, imprime a ela estilo e qualidade literária que a fazem atingir um estado de poesia.
D) apresenta personagens excessivamente introspectivos, rústicos e sofridos, constituindo-se quase toda de monólogos interiores.
E) é uma obra de caráter humano e de densa comoção telúrica e encerra o maior sentimento da terra nordestina, flagelada por seca cíclica e natureza inóspita.

FUVEST – 2016
Capitães da Areia

TEXTO PARA AS QUESTÕES DE 53 A 57

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o lazareto*. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar…
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá…
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

*lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

53- Considere as seguintes afirmações referentes ao texto de Jorge Amado:

I. Do ponto de vista do excerto, considerado no contexto da obra a que pertence, a religião de origem africana comporta um aspecto de resistência cultural e política.
II. Fica pressuposta no texto a ideia de que, na época em que se passa a história nele narrada, o Brasil ainda conservava formas de privação de direitos e de exclusão social advindas do período colonial.
III. Os contrastes de natureza social, cultural e regional que o texto registra permitem concluir corretamente que o Brasil passou por processos de modernização descompassados e desiguais.

Está correto o que se afirma em

a) I, somente.
b) II, somente.
c) I e II, somente.
d) II e III, somente.
e) I, II e III.

54- Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

a) o experimentalismo estético, de caráter vanguardista, visível no abundante emprego de neologismos.
b) o tratamento preferencial de realidades bem determinadas, com foco nos problemas sociais nelas envolvidos.
c) a utilização do determinismo geográfico e racial, na interpretação dos fatos narrados.
d) a adoção do primitivismo da “Arte Negra” como modelo formal, à semelhança do que fizera o Cubismo europeu.
e) o uso de recursos próprios dos textos jornalísticos, em especial, a preferência pelo relato imparcial e objetivo.

55- As informações contidas no texto permitem concluir corretamente que a doença de que nele se fala caracteriza-se como

a) moléstia contagiosa, de caráter epidêmico, causada por vírus.
b) endemia de zonas tropicais, causada por vírus, prevalente no período chuvoso do ano.
c) surto infeccioso de etiologia bacteriana, decorrente de más condições sanitárias.
d) infecção bacteriana que, em regra, apresenta-se simultaneamente sob uma forma branda e uma grave.
e) enfermidade endêmica que ocorre anualmente e reflui de modo espontâneo.

56- Apesar das diferenças notáveis que existem entre estas obras, um aspecto comum ao texto de Capitães da Areia, considerado no contexto do livro, e Vidas secas, de Graciliano Ramos, é
a) a consideração conjunta e integrada de questões culturais e conflitos de classe.
b) a reprodução fiel da variante oral✄popular da linguagem, como recurso principal na caracterização das personagens.
c) o engajamento nas correntes literárias nacionalistas, que rejeitavam a opção por temas regionais.
d) o emprego do discurso doutrinário, de caráter panfletário e didatizante, próprio do “realismo socialista”.
e) o tratamento enfático e conjugado da mestiçagem racial e da desigualdade social.

57- Das propostas de substituição para os trechos sublinhados nas seguintes frases do texto, a única que faz, de maneira adequada, a correção de um erro gramatical presente no discurso do narrador é:

a) “Assim mesmo morrera negro, morrera pobre.”: havia morrido negro, havia morrido pobre.
b) “Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara.”: Omolu dizia, no entanto, que não fora.
c) “Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina.”: mas tão pouco sabiam da vacina.
d) “Mas para que seus filhos negros não o esqueçam […].”: não lhe esqueçam.
e) “E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas […].”: numa noite em que os atabaques.

10- Leia o texto.

(…) Muita gente o tinha odiado. E ele odiara a todos. Apanhara na polícia, um homem ria quando o surravam. Para ele é este homem que corre em sua perseguição na figura dos guardas. Se o levarem, o homem rirá de novo. Não o levarão. Vêm em seus calcanhares, mas não o levarão. Pensam que ele vai parar junto ao grande elevador. Mas Sem-Pernas não para. Sobe para o pequeno muro, volve o rosto para os guardas que ainda correm, ri com toda a força do seu ódio, cospe na cara de um que se aproxima estendendo os braços, se atira de costas no espaço como se fosse um trapezista de circo.
A praça toda fica em suspenso por um momento. “Se jogou”, diz uma mulher, e desmaia. Sem-Pernas se rebenta na montanha como um trapezista de circo que não tivesse alcançado o outro trapézio. O cachorro late entre as grades do muro.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

Elevador Lacerda, www.clickgratis.com.br

Para responder ao que se pede, atente para as informações referentes à localização espacial dessa cena, na qual se narram a perseguição e a morte de Sem-Pernas.

a) A cena se passa diante do conhecido Elevador Lacerda (foto acima), que vem a ser um dos mais famosos “cartões-postais” de Salvador, Bahia. Qual é o efeito de sentido introduzido na cena por essa característica da localização espacial?

b) Observe que o Elevador Lacerda, de uso público, situa-se no desnível brusco e pronunciado que, em Salvador, separa a “Cidade Alta” (parte mais moderna da cidade, considerada seu centro econômico) da “Cidade Baixa” (sobretudo portuária e popular). Que sentido essa característica do espaço confere à cena?

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